Foi apresentado nesta quinta-feira (8), em Washington, nos Estados Unidos, um novo laudo sobre a morte da menina Isabella Nardoni, em São Paulo, em 2008.
O estudo foi encomendado pelos advogados de defesa de Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, que sempre negaram o crime e estão presos há cinco anos.
No laudo de 65 páginas apresentado na capital americana, o perito James Hahn, diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade George Washington, analisa o trabalho da polícia, da promotoria e do Instituto de Criminalística de São Paulo – que sustentaram que a esganadura teria sido um dos fatores determinantes na morte de Isabella Nardoni, junto com o fato de ela ter sido jogada pela janela.
Uma animação foi apresentada nesta quarta pelo perito. Com base nos desenhos das mãos de Anna Carolina Jatobá e de Alexandre Nardoni, no papel de cada dedo no processo de esganadura, no tipo de força necessária e nos movimentos que teriam sido exercidos, James Hahn conclui que os ferimentos no pescoço de Isabella não poderiam ter sido causados nem pela madrasta nem pelo pai da menina.
O advogado do casal diz que o novo laudo reforça a tese da defesa de que as provas seriam insuficientes para condenar Alexandre e Anna Carolina.
“Mesmo com esse laudo, não dá para dizer nem que o casal não tem nenhuma responsabilidade nem que o casal tem responsabilidade. O que esse laudo diz é: a acusação que foi feita não é correta, porque a acusação parte de premissas que o laudo derruba. Nós voltamos talvez à estaca zero, nós voltamos a dizer ‘ninguém sabe o que aconteceu lá dentro’”, afirma Roberto Podval, advogado de defesa.
O perito americano James Hahn diz que pela falta de marcas de polegar na frente do pescoço, a menina não foi esganada por mãos e dedos humanos. O relatório não aponta o que poderia ter provocado os ferimentos. Para os advogados de defesa, a suspeita é de que os machucados no pescoço seriam consequências da queda de Isabella do 6º andar.
“O laudo é muito claro em dizer não foram produzidos nem pelas mãos de Anna nem de Alexandre e muito menos por qualquer coisa que se assemelhe a mãos. Não é uma mão”, declara a advogada de defesa Roselle Soglio.
Na época, o então promotor de Justiça Francisco Cembranelli alegou – com base na perícia policial feita no Brasil – que o casal empregou meio cruel para impossibilitar a defesa da menina, que a madrasta de Isabella agrediu e esganou a criança e que Alexandre a jogou pela janela de casa.
Em São Paulo, a perita criminal que coordenou todos os exames do caso Isabella, Rosangela Monteiro, criticou o laudo americano.
“Quem tem a experiência de atender muitos casos, que já viu muitos casos de asfixia por esganadura, isso é absolutamente irrelevante. Nem sempre temos os cinco dedos ou os dez dedos e que possam todos ser identificados. Em caso como esse, você pode imaginar que é muito dinâmico. Existe o movimento da vítima, existe o movimento do agressor. Então essas agressões não são aquelas que nós imaginamos que estão ali – os dez dedos bonitinhos que nós podemos identificar todos eles. As vezes encontramos três, dois dedos, marcas ungueais somente e não equimoses. Então, isso é muito relativo”, aponta a perita criminal.
O corpo de Isabella foi encontrado no dia 29 de março de 2008, no jardim do edifício onde viviam o pai e a madrasta, na Zona Norte de São Paulo.
O casal foi condenado pelo crime no Tribunal de Justiça de São Paulo, em primeira instância, em 2010: Alexandre a 31 anos, um mês e dez dias de reclusão, e Anna a 26 anos e oito meses de reclusão.
Francisco Cembranelli, que hoje é procurador, disse que o laudo americano é fraco, por ter sido feito cinco anos depois do crime e sem a análise do corpo. Ainda de acordo com Sembranelli, as investigações no Brasil não deixam dúvidas de que o pai e a madrasta mataram a menina.