São Paulo, 20 de abril de 2017– Buscando aumentar o conhecimento e fomentar as discussões sobre o uso da tecnologia na área da saúde, a ABIMO promoveu na manhã desta quinta-feira (20) o workshop Indústria 4.0 – Saúde e Conectividade, com a presença de representantes das empresas Intel e Microsoft como palestrantes.
Em seu discurso de abertura, o presidente da ABIMO, Franco Pallamolla, disse que já há quatro anos a ABIMO discute o impacto que a tecnologia traria para a indústria da saúde, porém, as discussões, por serem pontuais, não estavam convergindo para um fórum que tratasse diretamente com os players do setor.
“Por esse motivo criamos um grupo de trabalho sobre conectividade na área da saúde, que certamente vai se desdobrar como um dos setores abarcados pela ABIMO em seu escopo, o qual organizará outros eventos como esse”, disse.
“É um prazer para a ABIMO termos uma discussão para aumentar a velocidade dessa realidade que já é presente na nossa vida”, complementou o diretor institucional Márcio Bósio, frisando que o debate será ainda mais aprofundado durante o próximo CIMES (Congresso de Inovação em Saúde), promovido pela ABIMO em agosto.
O evento começou com a apresentação do diretor de Health&Life Sciences para a América Latina da Intel, José Luís Bruzadin, que em sua apresentação abordou algumas das mudanças que o mundo está vendo, as quais descreveu como “um deslocamento inevitável para o negócio digital”.
“Estamos claramente vivendo em um período de mudança incrível, que é tudo menos os negócios como estamos acostumados”, disse, apontando que 70% dos 2 mil CEOs globais centrarão as estratégias em torno da transformação digital até 2017.
Bruzadin disse ainda que a cada cem anos se vê uma onda acelerada de inovação que muda tudo. Desde de 1760 com o surgimento de carvão e vapor, até a de 1860 com a introdução de eletrificação e, cem anos depois, o nascimento da computação e a revolução das comunicações. “Cada uma dessas grandes revoluções industriais causou enorme ruptura, mas também representou enorme oportunidade para aqueles que estavam prontos para tirar vantagem”, afirmou.
Em seguida, o executivo da Intel destacou pontos importantes da transformação digital na saúde, como a análise de dados para informar e melhorar as decisões clínicas e operacionais no ponto de atendimento com dados confiáveis e em tempo real, os cuidados virtuais, o acesso e monitoramento inteligente para resultados melhorados através de mais informações, a aceleração dos fluxos de trabalho clínicos, o acesso móvel a dados de cuidados e a satisfação dos trabalhadores com novos dispositivos.
Foram debatedores desse tema o fundador da ABCIS (Associação Brasileira de CIOs Saúde), David de Oliveira, e o especialista de projetos do Hospital Albert Einstein, Denis Faria Moura Jr.
O debate transcorreu sobre o fato de alguns profissionais de saúde serem resistentes às tecnologias, o custo versus a acessibilidade a essas tecnologias e a necessidade da mudança do modelo de negócios dentro dos hospitais.
A segurança da informação na era digital, principalmente no tocante ao setor da saúde, foi o tema da segunda discussão, alimentada pela apresentação do diretor de Computação em Nuvem da Microsoft, Roberto Prado.
Em sua apresentação, ele abordou os pontos fortes do que chamou de modelo que permite o uso eficiente dos recursos tecnológicos sob demanda por meio da Internet.
“Nós levamos muito a sério nosso compromisso em proteger os dados de nossos clientes, proteger seu direito de tomar decisões sobre os dados e sermos transparentes sobre o que ocorre com tais dados”, disse, explicando as diretrizes de um conjunto de “Princípios Confiáveis da Nuvem”, que estrutura a visão do que organizações empresariais podem esperar de seu provedor na nuvem: segurança, privacidade & controle, compliance e transparência.
Os debatedores desse assunto foram Egberto Arouca Modesto de Medeiros, Ph.D. em Ergonomia Cognitiva do Insper, e da advogada criminalista da Soglio Advocacia, Roselle Soglio, que abordaram a necessidade de ser criada regulamentação e legislação específica para esse novo momento que vivem as empresas e a sociedade como um todo.
“Os inovadores estão sempre à frente da regulação, mas concordo que precisamos ter um arcabouço mínimo, mas que não coloque em uma camisa de força as novas invenções”, salientou Egberto.
Roselle concordou, acrescentando que a demanda ajusta o interesse dos órgãos reguladores e legisladores. “Cada um dos setores atuantes tende a criar suas normas para se adequar, como é o caso da Anvisa, ANS, conselhos etc.”
“O papel da ABIMO é todo voltado à participação e provocação da discussão sobre essas regulamentações, ainda mais porque isso é uma questão de competitividade”, finalizou Roberto, da Microsoft.
O painel foi mediado pelo CEO da Lauris Co. Strategy & Analytics e consultor da ABIMO, Donizette Louro, que acrescentou à discussão a necessidade de mudança também nos currículos acadêmicos das universidades, que precisam preparar profissionais mais adequados às necessidades tecnológicas. “Estamos em um compasso tão veloz que não estamos conseguindo acompanhar”, disse.